segunda-feira, 12 de julho de 2010

mãos

"Gosto de mãos. Muito. Tenho um fascínio absoluto por mãos bonitas. Pelos gestos com que nos mimam, entremeados nas palavras, ou porque nos mimam mesmo.

Gosto de um discurso onde as mãos falam, completam o indizível. Gosto de dedos longos, unhas cuidadas, mãos macias com a temperatura certa, que se juntam às nossas sem qualquer réstia de moleza, balofice, ou aquela humidade conspurcadora de suores empedernidos.

Gosto da ideia da mão que trabalha, que segura, que aperta. Da mão que agride, que afaga. Gosto da ideia da mão que tecla, que faz a ponte, entre o que sentimos, imaginamos, e as teclas onde depomos tanto de nós.

Gosto quando me perco numa conversa por entre os bailados dos gestos sugestivos, do não dito, do que só a postura do corpo sabe dizer, quando as palavras mentem ou se perdem ou se omitem.

Gosto de mãos, como gosto de olhos. De os ter defronte a mim, para entre eles deixar bailar a minha intuição e, concluir no fim, se gosto de alguém, se posso gostar de alguém.

Gosto de mãos porque me inspiram, porque me respiram, porque começo a medir o mundo também pelo tacto. Gosto de mãos porque são refúgio e são identidade, todas diferentes, todas fascinantes..."

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